quarta-feira, 11 de junho de 2008

Soneto XVII

Já que não ando escrevendo minhas poesias... acho justo postar algumas das que mais me agradam.

Postarei o  Soneto XVII, escrito por Paulo Neruda e publicado em sua belíssima obra ´´100 Sonetos de Amor´´. Reparem no primeiro terceto, com certeza um dos mais bonitos da história dos sonetos.








Soneto XVII

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

Um comentário:

Camila Giselle Xavier Tolfo disse...

Que soneto mais lindo! Me fez pensar em tanta coisa, e é quando isso acontece é que a gente percebe a profundidade de uma boa escrita.. adorei!